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O Braço do Senhor

por T. Austin-Sparks

Capítulo 6 - Ressurreição

Quando chegamos ao capítulo 54 das profecias de Isaías, temos o que podemos chamar de um exemplo de capítulo de ressurreição – vemos as condições que o Senhor demanda para caracterizar como Seu “Novo Dia”. Encontramos neste capítulo oito características do Novo Dia. Oito, como sabemos, é o número da ressurreição. Vamos dar uma olhada breve no capítulo e observar esses pontos em ordem.

(1) No versículo 1, vemos o movimento da esterilidade para a fecundidade. ”Canta alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta com alegre canto e exclama, tu que não tiveste dores de parto; porque mais são os filhos da mulher solitária do que os filhos da casada, diz o SENHOR.”

(2) Versículos 2 e 3: da estreiteza ao alargamento. "Alarga o espaço da tua tenda; estenda-se o toldo da tua habitação, e não o impeças; alonga as tuas cordas e firma bem as tuas estacas. Porque transbordarás para a direita e para a esquerda; a tua posteridade possuirá as nações e fará que se povoem as cidades assoladas." Quão verdade isso foi em relação à ressurreição do Senhor Jesus!

(3) Versículos 4 e 5: da vergonha à honra. “Não temas, porque não serás envergonhada; não te envergonhes, porque não sofrerás humilhação; pois te esquecerás da vergonha da tua mocidade…”; e assim por diante.

(4) Versículos 6 e 7: do abandono à comunhão. "Porque o SENHOR te chamou como a mulher desamparada e de espírito abatido; como a mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus. Por breve momento te deixei, mas com grandes misericórdias torno a acolher-te.”

(5) Versículos 8 a 10: da ira à misericórdia. “Num ímpeto de indignação, escondi de ti a minha face por um momento; mas com misericórdia eterna me compadeço de ti, diz o SENHOR, o teu Redentor.” Ao para trás, para a Cruz, percebemos como todas essas coisas foram verdadeiras; mas agora estamos no terreno da ressurreição, e elas passaram. É uma mudança poderosa e maravilhosa.

(6) Versículos 11 e 12: da aflição e da desolação, ao conforto e à glória. "Ó tu, aflita, arrojada com a tormenta e desconsolada! Eis que eu assentarei as tuas pedras com argamassa colorida e te fundarei sobre safiras. Farei os teus baluartes de rubis, as tuas portas, de carbúnculos e toda a tua muralha, de pedras preciosas.”

(7) Versículos 14 e 15: da opressão à segurança. "Serás estabelecida em justiça, longe da opressão, porque já não temerás, e também do espanto, porque não chegará a ti. Eis que poderão suscitar contendas, mas não procederá de mim; quem conspira contra ti cairá diante de ti.”

(8) Versículos 16 e 17: da reprovação à vindicação. "Eis que eu criei o ferreiro, que assopra as brasas no fogo e que produz a arma para o seu devido fim; também criei o assolador, para destruir. Toda arma forjada contra ti não prosperará; toda língua que ousar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do SENHOR e o seu direito que de mim procede, diz o SENHOR”.

Este não é um exemplo maravilhoso da vida, poder e a glória da ressurreição? Como fizemos anteriormente, também transportamos tudo isso da história do Antigo Testamento para o Novo Testamento, para a dispensação em que vivemos – o Dia da Ressurreição. Quão verdadeiro tudo isso foi – e ainda é – com relação ao Senhor Jesus, em primeiro lugar. Temos o lado negativo - aquele estreitamento que Ele se referiu: “Quanto me angustio até que o mesmo se realize!" (Lc 12:50). Vemos o despojamento, a esterilidade e a desolação da Cruz; a vergonha e a ignomínia; o abandono, mesmo de Seu próprio Pai e Deus – a ira de Deus repousou sobre Ele; o Senhor Jesus sofreu aflição, opressão e reprovação. Todas essas coisas de fato aconteceram, como vimos no capítulo 53. Mas agora todo o cenário mudou. Que fecundidade tomou o lugar da esterilidade! Sim, o “grão de trigo, caindo na terra e morrendo”, realmente deu muitos frutos – frutos em muitas nações. Que grande alegria é para nós saber, e em muitos casos conhecer pessoalmente, um pouco da fecundidade dos Seus sofrimentos, na 'Sua posteridade’. Da esterilidade para a fecundidade; saindo de Seu aperto, que o fez se angustiar, para o grande alargamento que Ele experimenta hoje - e que alargamento! - da vergonha para a honra: multidões e multidões desde então. Temos multidões hoje, em todo o mundo, que estão apenas acumulando honra sobre Ele. E assim poderíamos continuar indefinidamente.

Entretanto também podemos ver como isso também se tornou verdade com relação aquele pequeno grupo de discípulos. Pode-se dizer que, no tempo da Cruz, essas coisas negativas e sombrias eram, em certo sentido, verdadeiras para eles. Sim, tudo se foi, as árvores ficaram nuas; foi uma verdadeira esterilidade. Em seus corações eles diziam: ‘De que serviu tudo isso? Tudo se foi; perdemos tudo. Mas veja a mudança a partir do Dia de Pentecostes. Da esterilidade à fecundidade - novamente vemos esta lista de características - da estreiteza, como um pequeno bando, um punhado de homens, cercado a poucos quilômetros de Jerusalém, da Judéia, da Palestina, um pequeno país - até o quê? “O seu som”, disse Paulo, “saiu por toda a terra,... até aos confins do mundo” (Rm 10:18). Que ampliação! foi o alongamento dos cordões, o fortalecimento das estacas na ressurreição [conf Is 54:2]. A solidão deles - a terrível solidão que se apoderou deles quando eles pensavam que o Senhor estava morto - deu lugar a uma comunhão maravilhosa, que está sendo estabelecida no relacionamento com um grupo sempre crescente de irmãos na fé. Todas estas coisas aconteceram: esta mudança maravilhosa foi verdadeira para os discípulos.

Mas isso para por aí? Não! A mesma coisa aconteceu com cada novo crente; e tem sido verdade desde então até agora. Estas são as características da vida do verdadeiro crente – a vida de um crente! Se você está vivendo do outro lado da cruz, ou mesmo se está vivendo no dia da Sua morte, apenas vivendo com Cristo morto, essas coisas não são verdadeiras para você. Mas se estamos vivendo, como os verdadeiros crentes deveriam viver, no terreno da Sua ressurreição, então todas essas coisas são reais para você. É uma bênção podermos dizer, sem qualquer hesitação ou reserva, que Ele mudou a nossa vida da esterilidade para a fecundidade; do estreitamento ao alargamento; da vergonha à honra; do abandono e da solidão à comunhão; e assim por diante. Esta é a herança de todo verdadeiro crente.

Efeitos Imediatos da Ressurreição de Cristo

Na ressurreição do Senhor Jesus, esta nota maravilhosa é tocada e soada – uma nova vida, uma nova esperança, uma nova segurança! Vemos isso claramente no Novo Testamento. É digno de nota o efeito maravilhoso que as aparições do Senhor tiveram sobre as pessoas envolvidas. Até onde podemos ver, houve cerca de dez aparições do Senhor após Sua ressurreição. Cinco delas ocorreram num dia, entre o nascer do sol e talvez um pouco depois do pôr do sol; as outras cinco foram espalhados ao longo de um período de tempo, em diferentes locais. Mas é muito impressionante e instrutivo, ver a tremenda mudança que ocorreu nas pessoas e em toda a situação, entre o momento antes de Ele aparecer e o momento em que Ele desapareceu. Vamos observar algumas dessas aparições.

A primeira, sem dúvida, foi com Maria Madalena, que chegou cedo ao túmulo, com especiarias, para ungir Seu corpo (Mc 16:9; Jo 20:1-18). Que pessoa pobre, triste, desolada e vazia ela era naquela manhã! Que nota melancólica é ouvida quando ela contempla o Senhor, mas não o reconhece, confundindo-O com o jardineiro: 'Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste’ [Jo 20:15]. Jesus, tão perto, pronuncia o seu nome – “Maria” – e toda a situação é transformada, transfigurada! Ela sai correndo do túmulo para contar aos discípulos. Parece, também, que havia outras mulheres por perto, e que, enquanto elas iam, Maria e essas mulheres, para contar aos discípulos, Jesus as encontrou no caminho - outra cena e experiência transformadora (Mt 28:8-10; Mc 16:10,11).

E então, somos informados de que o Senhor apareceu a Simão Pedro (Lc 24:34; 1Co 15:5). Não é preciso muita imaginação para imaginar como Simão estava quando Jesus lhe apareceu. Ele não devia ser um homem muito feliz! Se alguma vez houve um homem que se sentiu despojado - despojado de tudo, arrasado, sozinho, abandonado e em total desespero - deve ter sido Simão Pedro. E então Jesus apareceu para ele – concedendo-lhe um encontro particular! Ah! isso mudou toda a situação, transformou completamente toda a perspectiva de Simão.

A seguir temos os dois discípulos a caminho de Emaús (Lc 24:13-35; Mc 16:12,13). Que homens tristes, desanimados e desolados eles eram! Enquanto caminhavam esses cinco quilômetros, esses devem ter parecido os cinco quilômetros mais longos que dois homens já haviam caminhado na vida! Mas então Jesus aparece... Seus olhos foram abertos, eles viram... Ele se foi... e aqueles cinco quilômetros de volta foram os três quilômetros mais curtos que os homens já haviam percorrido! Não sei quanto tempo isso levou! - mas tenho certeza de que eles não estavam mais conscientes daquelas três milhas. A distância e o tempo perderam todo o significado enquanto eles corriam de volta, com passos rápidos, para Jerusalém, para contar aos outros. E quando eles entraram, antes que pudessem contar qualquer coisa sobre o que havia acontecido com eles, eles se depararam com essa informação dos outros discípulos: “O Senhor realmente ressuscitou e apareceu a Simão”! Eles eram homens transformados, e a Jerusalém para onde voltaram era um cenário diferente agora.

E Ele apareceu aos Seus apóstolos, e a Tiago, e “a mais de quinhentos irmãos de uma só vez” (1Co 15:6,7). Sua aparição – isto é, Sua vinda em ressurreição – trouxe uma mudança maravilhosa em todas as ocasiões e situações que ocorreu. Representou um cumprimento real de Isaías 54 – Isaías 54 é a ressurreição!

Esta pode ser uma experiência atual?

A grande pergunta que se coloca diante de nós é: temos alguma base para acreditar que esta pode ser a nossa experiência atual? Gostaria de dizer que o Novo Testamento nos apresenta uma base muito sólida para isso. Encontramos muitas coisas, nas experiências de homens e mulheres depois que o Senhor foi para a glória, que tiveram esse efeito. Preciso apenas levá-los ao livro de Atos e lembrá-los daquele etíope voltando para casa, decepcionado e desolado, triste e perplexo. Certamente podemos dizer que, por intermédio do Seu servo Filipe e da palavra de Isaías 53, o Senhor Ressuscitado encontrou aquele homem. Todo o cenário mudou. A última coisa que ouvimos dele é: “ele foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo” (At 8:39). Aqui está uma vida e situação transfigurada, porque entrou em contato com o Senhor Ressuscitado. Esse incidente é típico da transformação maravilhosa que ocorreu quando o Espírito do Senhor tocou as pessoas, entrou em suas vidas, entrou em seu meio. Eles se encontravam perplexos e oprimidos, aflitos e sofrendo com as ameaças dos governantes, e se tornaram pessoas mudadas, cheias de alegria e confiança.

A dispensação mudou desde a época dos Atos? Esse livro nunca teve uma conclusão; foi apenas interrompido. O Espírito Santo nunca pretendeu que Lucas escrevesse o final da história, porque ela teria que continuar indefinidamente até o fim da dispensação. O que era verdade naquela ocasião é verdade em nossa experiência hoje. Sim, temos muitos fundamentos e evidências para isso. Mas você diz: 'Em que base essa experiência pode ser minha?' Se a Escritura dá algo que justifica a expectativa de que deveria ser verdade no nosso caso, se realmente temos na Palavra que deveria ser assim conosco, então surge a pergunta: 'Como isso pode se tornar verdade para mim? ' Deixe-me, portanto, tentar dizer, da forma mais concisa possível, como isso pode acontecer - como podemos realmente saber disso.

A Necessidade de (1) Uma Posição Positiva Baseada na Cruz

Em primeiro lugar, devemos assumir uma posição positiva naquele terreno que Deus proveu para nós por intermédio da Cruz do Senhor Jesus. Ou seja, devemos nos apropriar de todos os valores de Isaías 53, como sendo providos para nós. Isaías 53 nos conta tudo o que foi feito por nós. “Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele”. Ele “levou sobre si o pecado de muitos”. Todo o nosso estado e condição, debaixo de condenação e julgamento, foram impostos a Ele pelo próprio Deus. 'Ele, Ele fez de Sua alma uma oferta pelo pecado.' Isso está do lado Divino. Se ainda permanecermos na dúvida sobre se o Senhor Jesus fez isso por nós, em relação aos nossos pecados, passados, presentes e futuros, não há esperança desta experiência transformadora da ressurreição! Se você ainda está nutrindo a condenação, ainda abrindo seu coração ou sua mente para acusações, você está, na verdade, negando a obra do Senhor Jesus na Cruz, e Deus não pode lhe mostrar Seu braço poderoso.

“A quem foi revelado o braço do Senhor?” Nunca acontecerá ao homem ou mulher que levanta qualquer dúvida sobre a obra do Senhor Jesus em Sua Cruz! Nunca! Você precisa sair dessa base, em todos os sentidos. Se você gosta tanto de duvidar e questionar, se você se apega tão tenazmente à condenação, e não consegue virar na direção oposta, colocar toda essa capacidade de duvidar e descrer do outro lado, e dizer sobre a sua condenação: 'Não acredito! Isaías 53 diz que Ele levou tudo isso para mim: então definitivamente não acredito, não acreditarei - a Cruz do Senhor Jesus me proíbe de acreditar - que existe condenação.' Sim, invista a sua forte e poderosa capacidade de incredulidade no sentido contrário – deixe-a ser convertida! Coloque isso contra toda a obra dos espíritos acusadores, da consciência acusadora e do coração acusador. Enfrente tudo isso ao contrário!

Não, nunca conheceremos esta transformação e transfiguração poderosa e multifacetada da vida ressurreta, até que tomemos uma posição positiva sobre os valores que vemos garantidos para nós em Isaías 53. Iremos mais uma vez, e na simplicidade de um iniciante, sentar com aquele capítulo e, como já foi dito tantas vezes, colocar nosso próprio nome ali: 'Ele foi ferido pelas minhas transgressões; Ele foi ferido pelas minhas iniquidades; o castigo que traz a minha paz estava sobre Ele; pelas Suas pisaduras estou sarado.' Nunca experimentaremos a glória da ressurreição até que tenhamos os pés firmemente plantados nesse chão. Veja, somos nós mesmos que constituímos a base da morte: ela está em nós – não está em Cristo; devemos, portanto, repudiar essas coisas em nós mesmos. Devemos dizer, quando o Acusador trouxer à lembrança todos os nossos pecados: 'Sim, eu os conheço bem, e milhares de outros mais; mas... existe Alguém que morreu em meu lugar.' A fé deve creditar a Deus e a Cristo o pleno significado da Cruz.

(2) Um Extração Positiva do Poder de Sua Ressurreição

Em seguida, devemos ter sempre uma atitude positiva em relação ao “poder da sua ressurreição” (Fp 3:10) – a atitude de fé no “Deus que ressuscita os mortos” (2Co 1:9). Devemos realmente contar com esse “extra” e com aquele “outro”, que é representado pelo poder da Sua ressurreição. É tudo real – que isto é isto e aquilo é aquilo, e as coisas são como são; é tudo verdade. Não estamos colocando antolhos, tentando fazer de conta que não somos tão ruins quanto somos, ou que as coisas não são tão ruins quanto são: sabemos que elas são de fato ruins, por dentro e por fora. Mas... há algo mais do além disso – um fator totalmente transcendente: e isto é o poder da Sua ressurreição. Devemos ter sempre uma atitude muito positiva em relação a isso.

(a) Para a vida pessoal

Isto significa, em termos práticos, uma extração definida da Sua vida ressurreta. Mas isso não significa que tenhamos o direito de violar as leis de Deus. Por exemplo, se você fala em três, quatro ou cinco reuniões por dia, durante cerca de onze semanas, sem um dia de descanso, está violando as leis de Deus, e Deus não irá protegê-lo. Isso é exatamente o que já presenciei. Quanto tempo leva para aprendermos essas lições – às vezes uma vida inteira! Somos atraídos pela necessidade e os apelos e assim por diante. Acredito que o Senhor é muito simpático, mas, mesmo assim, Ele não deixa de lado Suas leis. Portanto, devo dizer que, embora evitemos quebrar as leis Divinas, as leis da natureza, as leis dos nossos corpos (e você nunca pode falar das leis da natureza sem se referir a Deus, pois as leis da natureza são uma expressão de Deus, e Deus é Ele mesmo a Lei suprema da Natureza: isso não é Panteísmo, mas significa que as leis da natureza colocam você em contato direto com Deus). Afirmo que, quando não estamos violando Deus em Suas leis, no corpo e assim por diante, devemos sempre recorrer deliberadamente à Sua vida de ressurreição. Devemos fazer isso; devemos nos apegar firmemente, por assim dizer, à vida ressurreta do Senhor e recorrer a ela; faça disso uma coisa muito prática.

Quando eu era pequeno, lembro-me de minha mãe me contando algo que permanece comigo até os dias de hoje. Ela estava me descrevendo a morte de meu avô, um senhor de oitenta e quatro anos. Ela estava sentada ao lado da cama dele, segurando sua mão, enquanto ele morria lentamente. Ele era um homem muito forte fisicamente, e foi isso que ela me contou. 'Ele segurou minha mão', disse ela, 'com um aperto muito forte: eu estava orando por ele, mas ele estava gradualmente afundando: mas eu sentia como se ele estivesse extraindo toda a minha vida; senti minha própria vitalidade sendo minada; ele estava arrancando algo de mim, para se agarrar à vida: e finalmente eu não aguentava mais - tive que arrancar minha mão da dele; e quando eu fiz isso, ele se foi’.

Bem, não sei se existe verdade científica nisso; mas para mim é uma ilustração. Temos literalmente que recorrer à vitalidade de nosso Senhor. É uma atitude, um apego à fé: devemos ‘agarrar-nos à vida’, como disse Paulo a Timóteo (“toma posse da vida” - ARA 1Tm 6:12). Deve ser algo que fazemos .

Temo que sejamos demasiado vagos nesta questão do nosso relacionamento com o nosso Senhor Ressurreto. Cremos na ressurreição; acreditamos na vida ressurreta; e acreditamos que é para nós: mas não somos suficientemente definidos a esse respeito. Devemos primeiro nos perguntar: ‘Preciso da vida de ressurreição? Estou precisando do poder de Sua ressurreição?' É claro que, se você não tiver nenhum senso de necessidade, não será definitivo a esse respeito. Mas se você realmente sentir a necessidade do poder de Sua ressurreição, de que o Braço do Senhor lhe seja revelado dessa forma, faça a si mesmo a seguinte pergunta: 'Existe algum texto nas Escrituras, alguma declaração na Palavra de Deus, que justifique minha crença de que essa vida é para mim?' Então, se você acredita que a resposta é afirmativa, diga a si mesmo: 'Deixe-me chegar à Palavra e descobrir o que ela diz a esse respeito; deixe-me pesquisar e juntar tudo o que a Palavra de Deus diz sobre esta questão da vida ressurreta para mim!

Faça isso como um exercício, não apenas escolhendo textos aleatórios; estabeleça um forte alicerce das Escrituras debaixo dos seus pés. “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.” (Rm 8:11). Isso está na Bíblia! “Levando sempre no corpo o morrer de Jesus... para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal.” (2Co 4:10,11). Isso está nas Escrituras! Junte assim tudo o que encontrar, leve-o ao Senhor e diga: 'Senhor, a tua Palavra diz claramente...' (e aqui você pode citar a Escritura para Ele, se quiser: é uma atitude muito saudável lembrar o Senhor de Sua Palavra). 'Senhor, você disse que o poder da ressurreição deve ser conhecido em Seu povo, nos crentes, como uma experiência presente: aqui está Sua Palavra sobre isso.' Leve-o ao Senhor; apresente a Ele tudo o que você puder encontrar; seja muito definido a respeito. Poderíamos ver coisas maravilhosas, realmente incríveis, e ter um testemunho muito maior da vida ressurreta, se ao menos fôssemos mais definitivos a esse respeito. As coisas não vão simplesmente “acontecer” na nossa vida, casualmente. Qualquer hesitação nesse sentido não nos permitirá desfrutar do benefício dessa vida. Devemos ser positivos; definitivos; devemos tornar isso um assunto muito importante para nós.

Isso não é apenas algo pessoal, para o nosso bem particular; todo o testemunho do nosso Senhor Ressuscitado está ligado a isto. Existe, é claro, graças a Deus, a aplicação pessoal, e esta pode ser espiritual - pois certamente todos nós, individualmente, temos necessidade constante de novas adesões de vida espiritualmente - ou pode ser físico também. Bendito seja Deus, que podemos receber vida para os nossos corpos! Podemos conhecer a vida da ressurreição nos levando através de situações impossíveis, fisicamente. Ou pode ser que precisemos de um novo acesso à vida, da 'descoberta do Seu braço' no nosso ministério: pois todo ministério, se quiser ser um verdadeiro ministério espiritual, tem de ser cumprido no poder da Sua ressurreição.

(b) Para a Vida Corporativa

Prosseguindo para além das necessidades pessoais e individuais, podemos aplicar isso também ao grupo dentre o povo do Senhor da qual fazemos parte, ou no qual podemos ter alguma responsabilidade. As coisas estão caindo na morte, na angústia e na desonra; a situação não glorifica ao Senhor; e estamos muito sobrecarregados com a necessidade – Oh, que o Braço do Senhor possa ser revelado! Oh, que o poder da ressurreição possa ser manifestado! O que você vai fazer sobre isso? Bem, isso requer o mesmo exercício. Esta ressurreição do Senhor Jesus é para todos os aspectos da vida do crente e da Igreja.

Mas... isso não acontece simplesmente. Repito mais uma vez: temos de adotar uma atitude muito definida e positiva nesta questão. Se quisermos, e se o fizermos, há aqueles que podem testemunhar, a partir de uma longa história, que isto realmente funciona. Vemos repetidos milagres de sustento, capacitação e suprimento, de elevação e avanço, que resultam repetidamente, de uma tomada de posse definitiva do fato de que Cristo ressuscitou por nós. Ele morreu por nós – Ele ressuscitou por nós. Ele morreu em nosso lugar – Ele vive em nosso lugar. Ele é Aquele que Vive!

Em consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos não possuem copirraite. Portanto, você está livre para usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você desejar compartilhar escritos deste site com outros, por favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de custos e livres de direitos autorais.